sexta-feira, 27 de março de 2009

04.02.44

..está inaugurado..

.. esta imagem foi tirada no dia 22/03 no Miradouro da Lua, a uns 30 Kms a sul de Luanda, que deu nome à primeira co-produção luso-angolana, O Miradouro da Lua (1992) do cineasta Jorge António. É uma arriba fóssil, com os flancos bastante erodidos em que o vermelho da terra se intercala por montes cinza lunares envoltos em verde vivo. Junto com o azul do mar, forma uma combinação de estranheza ao olhar mais poético. Para os malucos das pedras, posso dizer que se trata do Miocénico-Oligocénico na base e Pliocénico-Plistocénico no topo. Do cimo do morro têm-se uma vista imensa do mar sem ondas que encalha nesta costa. Dizem-me que é um mar perigoso pelas marés traiçoeiras que por lá se mexem, mas suspeito que o perigo maior que provoca afogamentos nestas águas é a combinação do álcool com uma intrínseca incapacidade para a prática da natação sem pé..

Na volta para Luanda, ao fim da tarde, o trânsito, apesar de mau, não era dos piores, dado que a partida do Papa fez com que 2ªfeira fosse um mais ou menos feriado, instituição que por aqui é bem respeitada e encarada de forma séria, ah pois é… Aconselho grande atenção a quem se meter à estrada nestes fins-de-semana. A combinação da loucura ao volante com o mau beber provocou o testemunhar de três rijos acidentes em 40 Kms de estrada. De notar que raramente se tratam de toques. As viaturas ficam prontas para o ferro velho e o 115 (por aqui ainda é este o nº; o da policia é 113) não está ali ao virar da esquina..

Para dizer a verdade, a memória que tenho das estradas portuguesas, nas viagens que fazia para a terra do meu pai, 25 anos atrás, não difere muito da que encontro em Angola. A grande diferença é que a maioria dos condutores não tem licença de condução e aprendem on-the-job, de boa vontade ajudados pelos chineses que estampam camiões contra tudo o que mexe, incluindo embondeiros que atravessam a estrada sem olhar para os lados…

Resumindo, o miradouro da lua vale o nome e a visita, mas não confiem nos cartazes... é que a natureza humana leva dias a esculpir superfícies destorcidas, e espaço para um belo condominio com vista para esta harmoniosa imensidão não será um dos problemas...

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